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O ser humano não morre quando o coração para de bater… ele morre quando seu coração para de falar…

Todas as coisas que existem

Inspirado na obra “A Dança” de Matisse

24/05/2021 ✔️ A vida é um eterno caminhar por um corredor de portas fechadas à procura apenas da porta que nos traz o caminho da felicidade. Talvez seja mesmo por isso que a felicidade seja mesmo dos trabalhos mentais o mais difícil deles. Para termos a noção de felicidade precisamos primeiro entender os conceitos da tristeza, a perpetuosidade aparente do tempo, as dores por traz da decepção, a angústia da escolha, a sensatez por traz da renúncia, a apreensão contida que precede o susto. A felicidade é aquela que chega sem aviso. A porta em branco. Todas as outras portas contém coisas, memórias, experiências onde se faz necessária a contemplação daquilo que vemos. Ao abrirmos a porta da felicidade não encontramos absolutamente nada, quando estamos felizes é quase como se fôssemos deuses, nada mais importa além da criação de um novo mundo regido por sentidos e lembranças. Por um instante estamos cegos, depois passamos a enxergar e aos poucos, logo depois aquela imagem se materializa em mais um espaço complexo, uma memória. Uma porta que deixamos em aberto no corredor da vida. Ike Ferreira

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21/05/2021 ✔️ Ouço muito essa história de copo meio cheio e copo meio vazio. Os otimistas enxergam um copo meio cheio, os pessimistas enxergam um copo meio vazio, os realistas enxergam um copo pela metade. No fundo isso somente dividem os grupos separados em categorias, mas há uma linha que unem todos esses, e aí as possibilidades aumentam exponencialmente. Essa linha liga de um lado a expectativa e no outro extremo a intenção. Não importa muito se o copo está meio cheio ou meio vazio, o que importa realmente é tomar o conhecimento da situação e aceitar o estado atual do copo, essa equação é o que vai determinar a expectativa do indivíduo. Adicionando a essa equação a intenção da pessoa (hoje ou agora estou aqui e amanhã quero estar onde?)ou seja, a relação direta entre presente e futuro combinada à forma como caminhamos esse percurso, temos então como resultado uma equação muito mais complexa. O fato é que independentemente da condição atual do copo, sejamos nós os sujeitos na categoria dos otimistas, pessimistas ou realistas, o normal seria que todos tivéssemos os copos em níveis semelhantes (o que acrescenta o coeficiente político e financeiro mas não estamos avaliando exatamente por esse lado nesse momento) e que todos nós queremos vê-los preenchidos futuramente. O coeficiente de toda essa equação é a felicidade. Ike Ferreira

20/05/2021 ✔️ Quando foi a última vez em que você ficou sem pensar em absolutamente nada? Estava vivo, mas vivo por inteiro, quando foi última vez em que aproveitou toda a energia da natureza sem pensar em coisas a fazer, contas a pagar, passado, e futuro e até mesmo o presente. Nada. Qual foi a última vez em que agiu por puro instinto ou intuição? Levado apenas pelo vento que sentia trazendo uma brisa numa manhã de calor infernal. Qual foi a última vez em que experimentou o sabor de grama recém molhada presente no ar? Aquele cheiro molhado de planta recém regada? Quando foi a última vez em que colheu flores ao longo de um trajeto sem pensar a quem oferecer? Sem pensar em nada. Agindo leve atendo aos movimentos da sombra em busca de abrigo. Quando foi que sentiu o suor descer a nuca e deslizar como pequenas alfinetadinhas coluna abaixo fazendo seu corpo sentir um frio que vem de dentro para fora e que ao chegar na superfície da pele nos da aquele arrepio e uma imensa vontade de dar uma chacoalhada no esqueleto? Quando foi? Quando foi a última vez em que o tempo parou de ter importância e sentiu-se vivo tendo a mais pura noção de toda a vida ao teu redor? Quando foi a última vez em que se viu sonhar sem mesmo saber que estava sonhando e ao sonhar teve certeza de cada movimento do seu corpo? Quando foi a última vez em que caminhou a passos rítmicos e só depois de um tempo foi perceber que seus passos voavam no ritmo do seu coração? Quando foi a última vez em que sentiu o seu próprio coração bater ao ponto de se sentir acolhido pelo batimento do próprio coração? Sentir de tal forma que podia controlar o ritmo daquele momento e dessa forma controlar o batimento do seu próprio coração? Quando foi a última vez em que se emocionou ao sentir o cheiro de um perfume? Ou sentiu o aroma de cada cor presente no nascer do sol? Quando foi a última vez em que percebeu a gravidade como volante de contato com a terra e sentiu toda a vida presente naquela grama que subia por entre os dedos dos seus pés, ou o aspecto úmido do gramado naquela manhã. Quando foi? A minha foi hoje, mas não saberia explicar a sensação. Ike Ferreira

03/05/2021 Ao fundo a ponte que desperta o horizonte Cá perto, o amarelo das pequenas flores do gramado amarelam mais que o próprio brilho do sol Nuvens de cores homônimas riscam o leve azul do céu. O crescer singular das pedras em questão A busca ordinária pelo saber das coisas Perceber o contexto do voo inútil das gaivotas Celebrar as mudanças cotidianas do amanhã Captar o movimento de tudo que é azul Ser agudo como o cair de uma pena Questionar o movimento rotineiro do sol É como desenhar uma caneta a ser desenhada por si mesma Mesmo sabendo todo o contexto daquilo que tem cor Desvendar sonhos, as capilaridades do universo Trazer consigo tudo que desenhou em forma de vida Deixar brilhar tudo que é elemento composto de emoção A razão da abelha cujo amarelo foge ao horizonte Um horizonte de coisas que fogem ao coxteto E o contexto de tudo referente ao nada Saborear o aspecto pontiagudo da vida Ser, mas ser por inteiro e as vezes também ser árvore As vezes as palavras me caem como cascatas Ike Ferreira

05/05/2021 ✔️ Me escreva uma carta de amor Seja o que for Mas me escreva uma carta de amor Corra e escreva sobre o seu caminho O que passou Mas me escreva em forma de amor Deixa-me saber das suas dores Me deixa decorar suas cores Em forma de amor Venha e me diga como vês o amarelo das flores Como distribuir sorrisos encantadores Me escreva Me descreva como hoje a luz cobre as montanhas Fale sobre a sabedoria dos pássaros A liberdade contida do oceano Me escreva uma carta de amor Fale da terra que abriga seu coração Descreva a função do voo de uma borboleta presa no estômago Me escreva e não deixe nada para trás Mesmo que para trás seja um passado presente Escreva mesmo assim Escreva sobre sobre o grito dos ventos Batendo em uma colina Escreva sobre o toque do lençol de suas memórias Escreva leve, deixe o lápis correr Assim como corre um gota de suor no seu peito O jeito manhoso das manhãs ao seu lado Escreva tudo! Seja o que for Seja como for Mas não esqueça Vá para bem longe Mergulhe fundo nos seus sonhos Me escreva uma carta de amor Ike Ferreira

29/04/2021 ✔️ Intransigente é uma palavra intransponível assim como amarelo nos deixa com aquele gosto de mostarda na boca. A nossa língua funde-se ao imaginário para criar correlações entre sensação e linguagem. Se eu disser ponte por exemplo, é fácil de imaginar meu coração ligando ao teu, e o rio é tudo aquilo que passa por baixo de nós. Quando falamos em vida estamos automaticamente celebrando a natureza e toda a beleza misteriosa da face oculta do que nos torna seres animados. Ao falarmos de morte por outro lado pensamos em uma interferência humana ou pensamos que a vida falhou, não aprendemos a lidar com a morte com a mesma naturalidade que lidamos com o voo de um pássaro. Comunicação é mais comum entre dois seres distintos, mas nem sempre isso é uma verdade, as vezes a comunicação é interna e tem como objetivo despertar o subconsciente, varrer memórias, procurar no conforto da linguagem explicações para todas as coisas que não tem um por que. É comunicarmo-nos com o infinito, esse espaço vago, extenso, longínquo e, para muitos inacessível. Se você, meu amigo, é desses que não consegue visualizar o infinito, o melhor a fazer é voltar ao início desse texto e tentar interpreta-lo de outras maneiras, ser menos intransigente com os seus pensamentos. Tudo que escrevo tem um que de ficção, fantasia e realidade, mas não procuro me fazer entender, carrego comigo um dizer como um mantra “se aqui nada lhes digo, talvez seja mesmo por que não tenha nada a dizer” essas são palavras de alguém que de tão humano carregava Pessoa em seu nome. Agora pare de perder seu tempo comigo, ou, com essas palavras e vá buscar seu próprio vocabulário, linguagem, padrões ou sinais que te façam estabelecer uma comunicação consigo mesmo. Seja menos intransigente. Ao escrever aqui minhas parábolas mentais é por que quero ensina-los qualquer coisa, mas também acho importante dar toda liberdade àqueles que não querem aprender. Hoje matei um mosquito e não me senti mau por isso. Ike Ferreira

A maçã Acrílico sobre tela 140x100cm #painting #art #artcollectors #contemporaryart

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